segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A Garota da Capa Vermelha


Resolvi interromper a leitura da série dos Reis Malditos, de Maurice Druon, já que minha esposa pegou emprestado de sua amiga A garota da capa vermelha. Assim como aconteceu com Como se livrar de um vampiro apaixonado, ele estava dando sopa por aqui então resolvi encará-lo. Na verdade, o livro é apenas uma extensão do roteiro para o filme e como eu já havia visto o filme os pontos positivos e negativos não foram nenhuma surpresa.

O pequeno vilarejo de Daggorhorn é muito bem descrito e tem aquele clima mais isolado, sendo um pouco cenário para acontecimentos estranhos e um tanto assustadores, já que o povoado fica bastante isolado do restante do reino. Num lugar tão misterioso os habitantes não poderiam ficar para trás. O leitor não sabe em quem acreditar e a partir de certo momento começa a desconfiar de todos, acreditando que o Lobo possa ser qualquer um daqueles pacatos habitantes.

Outro ponto positivo foi o uso da narrativa que descreve muito bem a natureza humana quando em grupo. Aquela coisa de sentirem-se mais corajosos quando juntos uns dos outros e aquele comportamento mais primitivo quando estão se divertindo e as coisas acabam saindo um pouco do controle. Coisas muito parecidas com as descritas em O Senhor das Moscas de William Golding e nas festas em Adorável Mundo Novo de Aldous Huxley.

Porém, nem tudo é um passeio pelo bosque. Para dar um clima de suspense e expectativa a autora faz uso de alguns truques já utilizados em muitos filmes de terror mais recentes. Por exemplo, (e aqui quem não leu deveria dar uma pulada):

Para acabar um determinado capítulo a autora, após dizer que a personagem adormeceu, tenta usar uma frase de efeito: “Sonhou que estava voando”. Tudo bem, e dái? O fato de a personagem sonhar que estava voando não tem relação nenhuma com o enredo da história. Geralmente quanto um escritor descreve os sonhos de seus personagens é porque alguma coisa irá acontecer (Stephen King usa bastante esse artifício, de uma maneira majestosa). Nesse caso a frase ficou lá, apenas jogada, sem propósito algum.

Em outro momento o pai da personagem principal está alimentando as galinhas e suas mãos ficam cobertas de um pó branco. Legal, eu pensei, alguma coisa vai acontecer e ele irá deixar marcas com suas mãos sujas. Que nada! Ficou lá jogada também, sem mais, nem menos. O leitor já desconfia de todos ali naquele vilarejo, seria legal acrescentar alguma cena em que ele deixasse suas marcas para que levasse não apenas o leitor, mas também as outras personagens, a desconfiar dele.

Conclusão: acho que já cansei de ler sobre amores trágicos disfarçados de suspense. Vampiros e lobisomens já não assustadores. Viraram príncipes encantados transbordando das páginas dos romances. O uso de criaturas sobrenaturais para mascarar histórias de amor com um pé n’Os Morros dos Ventos Uivantes já deu pra mim.

Trilha sonora sugerida:

Children of Bodom - Lil' Bloodred Ridin' Hood


2 comentários:

  1. Oi Eduardo!
    Eu não vi o filme, mas li o livro e também não gostei. Também achei que a autora foi criando coisas que depois não serviram para nada.
    Mas o que mais me irritou é que o livro não tem final!

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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  2. Bom eu gostei e naum gostei... Naum achei nada demias... Como vc disse acho que já deu esses tipos de livro, estão explorando demais o assunto e naum estão sendo criativos.
    Esse era pra ser bom pois teoricamente devia ser uma história baseada na chapeuzinho vermelho né??? Mas naum rolou.. rs**
    Resumindo 'legalzinho'..
    Bjos
    Te Amo.

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