sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A Rainha Estrangulada

A Rainha Estrangulada é o segundo volume da série Os Reis Malditos do escritor francês Maurice Druon. Seguindo do ponto final de O Rei de Ferro, esse segundo livro narra o começo do reinado do sucessor do Rei Filipe IV, o fraco e influenciável Rei Luís X. Tendo sei tio Carlos de Valois de um lado e o assistente-geral do reino Enguerrand de Marigny de outro o novo rei se vê entre o martelo e a bigorna, completamente perdido entre essas duas figuras que se odeiam tanto.

Sem saber a quem dar ouvidos Luís X só pensa em uma coisa: anular seu casamento com Margarida da Borgonha para poder casar-se com Clemência da Hungria. Sendo assim, o jovem soberano dá ouvido apenas àqueles que proporcionam soluções para arrumar a anulação, já que naquela época era difícil conseguir a anulação da igreja e do papa. Com essa atitude egoísta o governo do reino é disputado entre seu tio, que tenta derrubar Enguerrand, e o próprio Enguerrand que tenta preservar tudo aquilo que conquistara para o reino durante o reinado de Filipe IV.

Alguns podem achar que a julgar pelo título podemos prever o desfecho deste volume. Porém, não sabemos qual das rainhas o título se refere; seria a mais rainha Margarida da Borgonha, prisioneira num castelo na Normandia? Poderia ser Maria da Hungria, a Rainha-mãe do Rei Roberto de Nápoles? Poderia ser sua neta, Clemência da Hungria, a qual Luís X deseja? O suspense se estende até os momentos finais do livro, que é um dos melhores finais que eu já li. Com esse final excelente, a expectativa para descobrir o que acontecerá ao reino da França e suas personagens mais importantes é grande.


Trilha sugerida (mais pelo excelente final do que pela narrativa em si):

IRON MAIDEN - Hallowed be thy name

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A Garota da Capa Vermelha


Resolvi interromper a leitura da série dos Reis Malditos, de Maurice Druon, já que minha esposa pegou emprestado de sua amiga A garota da capa vermelha. Assim como aconteceu com Como se livrar de um vampiro apaixonado, ele estava dando sopa por aqui então resolvi encará-lo. Na verdade, o livro é apenas uma extensão do roteiro para o filme e como eu já havia visto o filme os pontos positivos e negativos não foram nenhuma surpresa.

O pequeno vilarejo de Daggorhorn é muito bem descrito e tem aquele clima mais isolado, sendo um pouco cenário para acontecimentos estranhos e um tanto assustadores, já que o povoado fica bastante isolado do restante do reino. Num lugar tão misterioso os habitantes não poderiam ficar para trás. O leitor não sabe em quem acreditar e a partir de certo momento começa a desconfiar de todos, acreditando que o Lobo possa ser qualquer um daqueles pacatos habitantes.

Outro ponto positivo foi o uso da narrativa que descreve muito bem a natureza humana quando em grupo. Aquela coisa de sentirem-se mais corajosos quando juntos uns dos outros e aquele comportamento mais primitivo quando estão se divertindo e as coisas acabam saindo um pouco do controle. Coisas muito parecidas com as descritas em O Senhor das Moscas de William Golding e nas festas em Adorável Mundo Novo de Aldous Huxley.

Porém, nem tudo é um passeio pelo bosque. Para dar um clima de suspense e expectativa a autora faz uso de alguns truques já utilizados em muitos filmes de terror mais recentes. Por exemplo, (e aqui quem não leu deveria dar uma pulada):

Para acabar um determinado capítulo a autora, após dizer que a personagem adormeceu, tenta usar uma frase de efeito: “Sonhou que estava voando”. Tudo bem, e dái? O fato de a personagem sonhar que estava voando não tem relação nenhuma com o enredo da história. Geralmente quanto um escritor descreve os sonhos de seus personagens é porque alguma coisa irá acontecer (Stephen King usa bastante esse artifício, de uma maneira majestosa). Nesse caso a frase ficou lá, apenas jogada, sem propósito algum.

Em outro momento o pai da personagem principal está alimentando as galinhas e suas mãos ficam cobertas de um pó branco. Legal, eu pensei, alguma coisa vai acontecer e ele irá deixar marcas com suas mãos sujas. Que nada! Ficou lá jogada também, sem mais, nem menos. O leitor já desconfia de todos ali naquele vilarejo, seria legal acrescentar alguma cena em que ele deixasse suas marcas para que levasse não apenas o leitor, mas também as outras personagens, a desconfiar dele.

Conclusão: acho que já cansei de ler sobre amores trágicos disfarçados de suspense. Vampiros e lobisomens já não assustadores. Viraram príncipes encantados transbordando das páginas dos romances. O uso de criaturas sobrenaturais para mascarar histórias de amor com um pé n’Os Morros dos Ventos Uivantes já deu pra mim.

Trilha sonora sugerida:

Children of Bodom - Lil' Bloodred Ridin' Hood


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O Rei de Ferro

Depois de muito ouvir meus pais falarem sobre esse livro, chegou a minha vez de conferir a história contada por Maurice Druon, escritor francês nascido em 1918 e falecido em 2009. O Rei de Ferro é o primeiro volume de uma série de sete livros que conta a história dos reis da França a partir do fim do reinado do Rei Filipe IV.

Na madrugada de uma fatídica sexta-feira 13 o Rei Filipe IV ordenou que todos os templários fossem presos e interrogados, acusados de renegar a igreja, realizar rituais sórdidos e até mesmo de sodomia. A narrativa começa no sétimo ano desses interrogatórios, que culminaram numa maldição lançada pelo grão-mestre da Ordem do Templo enquanto queimava na fogueira e que aos poucos vai se realizando, e passando pelas intrigas e traições na corte que, apesar de parecerem um tanto fúteis no começo da leitura, se mostram importantes ao longo do livro, pois tudo isso acarretará enormes mudanças na história do país.

O autor consegue descrever muito bem os personagens ao pintar retratos vívidos de suas personalidades e ações. Retratando seus medos e paixões, Maurice Druon envolve o leitor na vida de algumas das personagens mais importantes da época e mantém o bom ritmo ao longo de todo o romance, criando uma boa expectativa para os volumes seguintes.

Trilha sonora sugerida:

Kamelot - King's Eyes


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Como se livrar de um vampiro apaixonado

Numa época de superpopulação vampiresca nas prateleiras das livrarias minha esposa me aparece em casa com um livro intitulado Como se livrar de um vampiro apaixonado, que uma amiga lhe emprestou. Bom, é claro que dei risadas quando li o título. Porém, como o livro estava aqui dando sopa resolvi encarar, pois achei que seria algum tipo de paródia de Crepúsculo e afins.

Já comecei a desconfiar assim que vi o título original, Jessica’s guide to dating on the dark side – algo como O guia da Jessica para namorar no lado sombrio. Digamos que a primeira metade tem seus toques de humor. Ler sobre uma adolescente americana (que, é claro, mora na Pensilvânia) rejeitando um vampiro romeno (é claro que ele seria da Romênia – Bram Stocker deve estar se revirando no caixão) tem lá seus atrativos. Comecei a pensar “finalmente, o vampirão bonitão não vai conseguir tudo o que quer apenas com seus olhares profundos e braços de mármore. Ledo engano.

Da metade pra frente a protagonista, ao ver que o vampirão bonitão apontou suas presas para outro pescoço, começa a se morder (sem trocadilho intencional) de ciúmes e a coisa descamba para uma choradeira digna da Bela da série Crepúsculo. Daí pra frente é ela implorando e chorando de um lado, ele a afastando do outro (pelo amor dos deuses, onde já se viu você tentar conquistar um vampiro oferecendo leitinho com chocolate?!).

Contudo, essa invasão de romances envolvendo vampiros, anjos e lobisomens, tem seu lado positivo. Mais e mais adolescentes estão descobrindo os prazeres da leitura, fazendo com que se tornem leitores assíduos e com o tempo vão descobrindo outros romances mais interessantes. No geral, Como se livrar de um vampiro apaixonado é uma leitura fácil e rápida, boa para passar o tempo.

Como se livrar de um vampiro apaixonado
Beth Fantaskey
Editora Sextante

Curiosidade:

A égua da protagonista se chama Bela. Será que foi uma cutucada na Stephenie Meyer?

Trilha sonora sugerida:

HIM – Vampire Heart

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Dom Quixote de La Mancha


Dom Quixote, um clássico da literatura espanhola, foi escrito por Miguel de Cervantes Saavedra. A obra foi dividida em duas partes, a primeira sendo publicada em 1605 e a segunda em 1615.
Dom Quixote é um personagem apaixonado pelos romances de cavalaria e que de tanto as ler se torna convencido de que ele é um grande cavaleiro e que lhe cabe a tarefa de trazer de volta o ofício da cavalaria andante. Levando consigo seu fiel escudeiro Sancho Pança, ambos partem em suas andanças, à procura de donzelas para salvar, maldades as quais pôr fim e atos de coragem a realizar.


Os relatos de sua saga são engraçados, já que Cervantes propositalmente exagera ao narrar a crença de Dom Quixote de que todos aqueles cavaleiros presentes em seus livros de cavalaria realmente existiram, fazendo com que o nosso bom fidalgo se meta em grandes confusões. Sancho Pança, apesar de muitas vezes duvidar da sanidade de seu amo, segue em frente motivado pela promessa de receber uma ilha a qual poderia se tornar governador. Em algumas ocasiões Sancho chega a enganar Dom Quixote com o intuito de lhe garantir seus desejos.
No entanto, ao longo de suas andanças Dom Quixote se depara com diversos personagens e algumas dessas passagens podem ser um pouco cansativas. Por Cervantes ter tido como intenção satirizar o enorme número de livros de cavalaria naquela época, essas passagens contém todo o exagero de amores não correspondidos, trágicas histórias de amor e os sacrifícios de casais enamorados que fazem de tudo para ficarem juntos; muitos desses relatos não tendo relação direta com as aventuras do cavaleiro andante.
Porém, nada que comprometa o romance como um todo. As loucuras de Dom Quixote são realmente muito engraçadas, não apenas o incidente com os famosos moinhos de vento, mas em muitas outras que não se tornaram tão conhecidas. É preciso apenas ter um pouco de paciência para passar pelas partes mais enfadonhas que o leitor não irá se arrepender.

Curiosidade:

Ao longo das duas partes Cervantes faz referência a vários personagens, tanto reais como fictícios. E para quem gosta de heavy metal uma dessas referências chamará mais a atenção do que as outras: a espada Tizona. Tizona era o nome da espada que o cavaleiro espanhol El Cid usava em batalha. El Cid possuía tantas habilidades com as armas que se tornou famoso por ser escolhido para combates mano a mano. Tizona significa espada flamejante e a tal espada pode ser vista no museu de Burgos. A banda alemã Metalium, em seu terceiro disco intitulado HeroNation – Chapter III, narra na música Revenge of Tizona (a vingança de Tizona) as façanhas de El Cid e sua espada em batalha.

Trilha sonora sugerida:

Metalium – Revenge of Tizona
Mago de Oz – Molinos de Viento
http://www.youtube.com/watch?v=BCAht19XC8Q