quarta-feira, 28 de março de 2012

O Ouro do Predador

O Ouro do Predador é a continuação de Mortal Engines de Philip Reeve, minha terceira tradução. Foi bem legal continuar viajando por esse universo meio Mad Max, especialmente porque agora encontramos as Cidades do Gelo, rodando pela Devastação Congelada, em especial Anchorage, uma cidade decadente que, liderada pela sua Margravina, tenta seguir para novos territórios e sobreviver.

Encontramos também novos personagens que, para méritos do autor, são mais interessantes do que Tom e Hester, os dois principais. Os mercenários Perseguidores de Arkangel também proporcionam uma boa dose de ação ao enredo, com o autor descrevendo grandes cenas de ação nas perseguições e batalhas entre os dirigíveis.

Outros personagens que também me chamaram atenção foram os Garotos Perdidos. Sem nenhuma relação com o filme Garotos Perdidos, com o ainda jovem Kiefer Sutherland no papel de vampiro. Os Garotos Perdidos de Philip Reeve são piratas submarinos que vivem numa cidade submersa e roubam e pilham as cidades flutuantes. Algumas das passagens mais engraçadas acontecem com esses garotos e suas proezas nas horas de cometerem seus crimes.

Porém, devo admitir que cometi um erro logo no começo desse livro e peço desculpas aos leitores. No primeiro capítulo, o termo Skeleton Crew foi traduzido de forma errônea pela minha pessoa. Ah, aquele maldito necromante inimigo meu atacou novamente. Agora entendo muito bem o que o bom fidalgo Dom Quixote quis dizer. Eu simplesmente passei batido pela expressão, sem sequer pensar duas vezes. Talvez por falta de atenção, talvez por estar acostumado a ver o livro de Stephen King chamado Skeleton Crew com o título de Tripulação de Esqueletos. Mas a verdade é que a Skeleton Crew não é Tripulação de Esqueletos nem aqui nem nas profundezas do Mar Morto. A expressão significa operar com poucos trabalhadores ou com mão de obra insuficiente. Na passagem, eu deveria ter colocado algo como: operar com poucos trabalhadores. Mais uma vez peço desculpas, mas encaro isso como um aprendizado e uma lição para meus trabalhos seguintes.

Lembro-me quando estava lendo A Dança da Morte de Stephen King e me deparei com uma passagem que dizia algo como: Vamos atirar alguns arcos. Na hora percebi que o original devia ser shoot some hoops, que quer dizer sair e jogar um pouco de basquete. Para o leitor muitas vezes é fácil detectar esses erros, mas agora eu sei que para o tradutor, imerso no trabalho, uma coisa tão simples pode passar completamente despercebida. Vivendo e aprendendo.

Apesar de continuar não sendo muito fã de ficção científica, posso garantir que a série vai ficando mais empolgante. O Ouro do Predador tem mais ação e mais personagens interessantes e felizmente a coisa toda só tende a melhorar ao decorrer da série.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Cidade dos Mortos


Na postagem passada eu comentei sobre minha primeira tradução. Então agora vou comentar sobre minha segunda experiência: Cidade dos Mortos. Escrito por Joe McKinney, um policial com mestrado em literatura, relata a história de uma cidade dominada por zumbis. Um tema já bem explorado pelo cinema e bem difícil de inovar.

Quem já assistiu aos filmes de George Romero não irá encontrar nada de novo neste livro. Os zumbis em sua maioria são bem lentos, como na Noite dos Mortos Vivos, mas alguns, chamados de “ligeirinhos”, são mais ágeis e ainda possuem algum tipo de raciocínio lógico, como alguns em Madrugada dos Mortos. A vantagem que McKinney leva em sua narrativa é possuir grande conhecimento na área policial, já que faz parte da força policial americana há muitos anos. E foi aí que tive algumas dificuldades ao longo da tradução. Os personagens se comunicam bastante via rádio, utilizando muitos códigos para cada situação de emergência, mas graças à Internet eu consegui encontrar um site com uma tabela que contém os códigos e o que cada um deles significa, o que me possibilitou fazer a tradução correta. Outro pepino que tive que enfrentar foi todas as armas e munições, que são descritas em detalhes. Mas também graças a pesquisas na Internet acabei encontrando seus equivalentes em português. Contudo, isso só deixou o trabalho mais prazeroso, já que tive que quebrar a cabeça para resolver essas situações.

A narrativa em si vai bem em certos momentos, mas esfria em outros. A corrida para salvar sua esposa e filho, ao mesmo tempo em que tenta ele mesmo sobreviver às ondas de zumbis, são momentos cheios de ação e que deixam o leitor bem empolgado. Por outro lado, quando o autor apresenta suas ideias filosóficas sobre zumbis e seus comportamentos a coisa fica um pouco entediante. São pontos de vista até que interessantes, mas um pouco exagerados.

É um livro bom no geral, para quem gosta do assunto, mas não dá para esperar algo inteiramente novo. A questão mais difícil para qualquer autor de histórias de zumbis é o final. Como acabar? Ninguém sobrevive, pois não há para onde fugir porque os zumbis tomaram conta de tudo? Ou simplesmente arrumar um jeito de contornar a situação e mesmo que a cidade, o estado e o país estejam tomados pelos comedores de carne, organizando um tipo de mutirão para dar cabo de todos eles? Questão complicada, que o autor não foi muito feliz em sua escolha. Porém, não vou contar o final para não estragar a leitura de quem se interessou pelo livro.

Na minha opinião, o único autor que conseguiu bolar uma narrativa sobre zumbis empolgante do começo ao fim e com um final fantástico foi Stephen King em Celular. É claro que os filmes de George Romero são clássicos, eu recomendo para todos que gostam de um excelente filme de terror, mas na literatura Celular, para mim, é o mais empolgante.









Trilha sonora sugerida:

Qualquer coisa do Rob Zombie, grande música e diretor de filmes de terror.

Para quem não conhece, recomendo a coletânea com um apanhado geral de sua carreira desde os tempos do White Zombie e que vem com um DVD bônus muito legal com excelentes vídeos de sua extensa carreira.
















E para fãs de filme de terror seus dois filmes, A Casa dos 1.000 Corpos e Rejeitados pelo Diabo são excelentes, seguindo a linha clássica de ícones como O Massacre da Serra Elétrica. Além do remake de Halloween que ficou simplesmente fantástico, com um Michael Myers mais aterrorizante.