sexta-feira, 20 de abril de 2012

Le Morte Darthur

Terminei Le Morte Darthur de Sir Thomas Malory com duas opiniões bem distintas; poxa, que privilégio poder ler o primeiro romance escrito sobre Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda; e poxa, que livro cansativo!

Ao que tudo indica, Sir Thomas Malory foi um cavaleiro do Rei Eduardo IV que reinou na Inglaterra de 1461 a 1483. Era de família rica, já que dominava o francês, o que lhe possibilitou ter acesso a diversos poemas de escritores franceses que recitavam aventuras do Rei Arthur e seus cavaleiros.

De acordo com sua própria nota ao final do livro, ele acabou seu romance na prisão durante o nono ano do reinado de Eduardo IV. Sendo assim, é possível acreditar que ao descrever as justas, aventuras, vida na corte, etc., ele tenha sido exato em seus relatos.

Como tudo escrito a respeito desse tema, o robusto romance é repleto de magia, visões e profecias. Desde o episódio da retirada de Excalibur da pedra, até a profecia sobre a morte de Arthur, tudo é guiado pelas visões que os personagens tiveram e que se tornaram realidade.

Porém, apesar de toda a fantasia, certas passagens nos faz acreditar que Arthur e seus cavaleiros realmente existiram. A viagem de Arthur a Roma para reivindicar seu título de Imperador (que para minha grande surpresa há uma inscrição na abadia de Westminster que diz: Patricius Arthurus Britannie, Gallie, Germanie, Dacie, Imperator). Malory afirma que Arthur e Guenevere foram enterrados sob o altar-mor da abadia em Glastonbury e realmente existe uma tumba onde costumava haver o altar, sendo hoje um destino turístico.

É fantástico poder ler um registro tão importante para a literatura arturiana, principalmente porque esse livro foi publicado pela primeira vez em 1498. Le Morte Darthur serviu de base para inúmeros romances, incluindo O Único e Eterno Rei de T.H. White e As Brumas de Avalon de Marion Zimmer Bradley, que relatam a vida de Arthur repleta de magia.

Talvez o ponto mais importante de todo o romance é a busca do Santo Graal. Merlin já previra que apenas um dos cavaleiros da Távola Redonda seria capaz de encontrar o Santo Graal graças a sua virtude e pureza, então criou o Siege Perilous, uma cadeira que destruiria qualquer um que tentasse sentar nela, a não ser que esse cavaleiro fosse aquele da profecia. Quando Malory descreve a busca do Santo Graal, já mais para o fim do livro, a coisa toda fica um pouco religiosa demais para mim. Anjos aparecem para os cavaleiros, demônios tentam desviá-los do caminho e relata a importância da pureza, tanto de corpo quanto de alma, para alcançar tão sagrado artefato.

Contudo, o livro é extremamente cansativo. Demorei mais de um mês para ler suas pouco mais de 800 páginas. Mesmo a linguagem ter sido adaptado para um inglês mais atual, a estrutura e grande parte do vocabulário foi mantido, o que leva um pouco de tempo para se acostumar.

Outro ponto negativo é a extensa descrição das justas ao longo de todo o romance. Sir Kay encontra Sir Bors, um derruba o outro do cavalo e lutam a pé com espadas em punho, e assim vai. Isso acontece ao longo de toda a narrativa e chega uma hora que os atos de cavalaria cansam demais, já que muitos deles não afetam o desenrolar das aventuras.

Mas só pelo valor histórico vale o esforço de passar logo essas partes cansativas. Não sabemos ao certo se Artur realmente existiu, mas a crença de que ele voltará para reinar a Inglaterra novamente já é o suficiente para atrair a atenção desse tipo de lenda, e muitas dessas lendas vieram das páginas de Le Morte Darthur.


Trilha sonora sugerida:
Grave Digger - Excalibur





2 comentários:

  1. Oi Eduardo!
    Eu sou fascinada pela história/lenda de rei Arthur, mas acho que não leria esse livro pelo inglês cansativo que você citou. Provavelmente eu iria acabar desistindo.
    Falando em livros grandes e já que você também gosta de King: terminei de ler "Under the dome" ontem e é muito bom!

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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  2. Uma opção é ler as brumas de Avalon,não é o original , porém, não cansa.
    Fico surpreso com o envolvimento de Roma nessa história. Existe o envolvimento da abadia de Glastonbury.
    Quanto a parte religiosa, sempre esteve envolvida na saga de Artur. O poema PARZIVAL de Wolfram von Eschenbach relata o graal como sendo uma pedra fantástica, o que não surpreende pois isso se encontra na mitologia céltica.
    Mas, de toda forma, o conto é belo, talvez por criar uma sociedade justa de iguais, simbolizada pela távola redonda, talvez por criar um ser perfeito enfatizando as virtudes mais elevadas que se conhece.

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